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Entrando no metaverso

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No ano passado, Tana Serrano Marín decidiu entrar no metaverso. A advogada em direito da família do sudeste da Espanha sempre ouviu falar das vastas possibilidades do mundo virtual em 3D, onde todos, desde gamers até pais a procura de uma fuga, interagem por meio de avatares semelhantes a desenhos animados. 

Primeiro, um palestrante convidado para falar na reunião do Rotary Club do seu marido listou todas os benefícios do metaverso. Depois, um membro da Comissão Distrital de Desenvolvimento do Quadro Associativo mencionou o assunto. Então ela começou a observar, com interesse, que marcas e empresas estavam adotando a tecnologia para alcançar seus clientes. Será que a novidade poderia ser adotada por associados do Rotary? Marín e seu marido decidiram descobrir. 

Eles começaram a explorar o Spatial, uma plataforma para criar espaços virtuais. Conforme o interesse aumentou, eles apresentaram a ideia aos líderes distritais e prepararam os dirigentes de clubes. Os dois participaram de um treinamento presencial, e o Rotary Club de Metaverso foi fundado em 28 de novembro com um quadro associativo formado por 14 mulheres e seis homens. Assim como Marín, a maioria é da cidade de Múrcia, perto da costa mediterrânea da Espanha.  

“O que torna essa plataforma tão imersiva é que, depois de apenas algumas sessões, as pessoas se identificam com seus avatares e as experiências se tornam pessoais”, explica Marín. “É bem diferente de apenas participar de uma videoconferência.”

Imagem cortesia de: Kathleen Fu

Então, como é uma reunião de um Rotary Club no metaverso? Para descobrir, eu planejei uma visita em janeiro e comecei a criar um avatar na Spatial. Você pode escolher um que seja realista e se pareça com você ou optar por algo diferente, como fez o associado do clube que apareceu como Elvis no espaço da reunião. Escolhi a primeira opção. 

Quando o dia da reunião chegou, vi meu avatar entrar em uma sala rosa-púrpura que lembrava um ambiente de jogo. Fui recebida pelo associado Antonio Carrión Serrano, que atuou como meu guia e intérprete, já que as reuniões do clube são em espanhol. Para se movimentar, você precisa usar o teclado de um computador - o que exige certa habilidade. Nas minhas primeiras tentativas, meu avatar parecia estar atravessando os outros avatares. Apertei outra tecla e meu avatar saiu flutuando pelo ar com movimentos estranhos semelhantes a quem está nadando. 

Outra peculiaridade do espaço de reuniões do clube é que não há conversas privadas e todos podem ouvi-lo. Mas isso permitiu que eu conhecesse Michel Jazzar, um ex-governador de distrito do Líbano que, como eu, era novato no metaverso e estava participando da reunião como convidado. “Esta é minha primeira vez”, confessou Jazzar. “É algo novo e, como dizemos em Beirute, o novo é belo.’” 

Um ponto forte da plataforma é que as pessoas podem participar facilmente de qualquer lugar e encaixar as reuniões nas suas agendas ocupadas. O associado Juanjo Morales Aragón, por exemplo, diz que já tinha ouvido falar do Rotary, mas não conseguia participar porque seu horário de trabalho o impedia de comparecer a uma reunião presencial toda semana. “Este formato tem uma enorme capacidade de dar visibilidade ilimitada à organização, fazendo com que todos possam ter acesso à experiência rotária”, afirma ele. 

Outra vantagem é o fato de ser mais imersivo do que a videoconferência, diz Carrión Serrano, um estudante de direito de 20 anos e filho de Marín, fundadora do clube. “Este é um conceito novo, bastante atraente para os jovens.”

Então, você está pronto para se juntar ao metaverso

O metaverso permite um formato de reunião de clube flexível com potencial para atrair um quadro associativo jovem e diversificado. Mas, como exatamente alguém entra no metaverso? 

Escolha seu avatar 

Você pode criar seu visual em uma plataforma como a Spatial, escolhendo um personagem virtual que se pareça com você. Em alguns sistemas, a pessoa pode fazer o upload de uma foto sua para gerar um avatar idêntico a ela. Ou, se quiser, você pode mudar completamente o seu visual.  

Não se preocupe com equipamentos sofisticados 

Embora a experiência no metaverso seja melhor com um fone de ouvido para realidade virtual, você pode usar a tela do seu computador ou smartphone. 

Mantenha a mente aberta 

Desde a pandemia de covid-19, muitas pessoas se familiarizaram com o Zoom e associados do Rotary formaram e-clubes. Segundo os proponentes desta ideia, o metaverso é apenas mais uma plataforma com o poder de conectar associados de todo o mundo.

Ele está convencido de que o metaverso não é uma moda passageira, observando que a Nike tem um espaço em uma plataforma chamada Roblox, onde os participantes podem jogar e vestir seus avatares com roupas que levam a famosa marca. “Há muitos projetos de grande porte que envolvem o metaverso. As empresas estão neste universo”, diz ele. “Trata-se de uma forma diferente de ver a vida e é maravilhoso que o Rotary esteja aqui.” 

Ele me levou para a Sala Paz, onde vi nas paredes cartazes sobre o Plano de Ação, a missão e as causas do Rotary. No final deste longo espaço retangular, havia uma passarela que levava à área externa onde vi um mar de água magenta e um céu repleto de nuvens azul-marinho. Eu sabia que não era real, mas não podia evitar a sensação de que um movimento em falso me arremessaria de cabeça em uma piscina de lava. 

Um sino virtual no palco tocou indicando o início da reunião. Entrei na Sala Paul Harris, um auditório pintado de roxo-escuro. Na parede frontal, uma tela grande permitia que as pessoas compartilhassem apresentações. O auditório tinha um piso inclinado com fileiras de assentos quadrados em ambos os lados de um corredor central. Eventualmente, descobri como clicar em um assento e sentar. Um especialista regional discutiu mediação e maneiras de resolver disputas de forma pacífica. Ocasionalmente, aplausos irrompiam, enviando fluxos de corações vermelhos pelo ar. 

Marín diz que o clube planeja encontros presenciais, além das reuniões virtuais regulares. Os associados realizam projetos humanitários no mundo real, semelhante ao que acontece em qualquer outro clube. Um dos seus primeiros projetos solicitou doações de 17 empresas, as quais receberam espaço publicitário em uma das salas. As contribuições foram usadas para comprar casacos para 17 crianças em El Palmar, uma aldeia perto de Múrcia. Marín diz que os associados também planejam explorar causas que podem ser abordadas no espaço virtual. 

Pelo menos um outro clube se reúne nesse novo universo, o Rotary Club de Taipei Metaverse, que foi fundado em junho de 2022 em Taiwan e tem quase 40 associados. A ideia parece estar gerando interesse, a julgar pelos comentários entusiasmados de todo o mundo sobre um post no blog Vozes do Rotary que Marín escreveu recentemente. E Jazzar, ex-governador de distrito do Líbano, diz que seu próprio distrito está discutindo um clube semelhante. “O metaverso é o futuro e o Rotary precisa estar nele”, diz Marín.”

Artigo publicado na edição de maio de 2023 da revista Rotary magazine.

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