Os rotarianos da Libéria ficaram muito preocupados quando a capital do país, Monróvia, registrou seus primeiros casos de ebola em junho do ano passado. Tal preocupação é justificada pela fragilidade do sistema de saúde do país, que não é preparado para lidar com uma doença contagiosa e mortífera como esta. Foi a primeira vez que o vírus causou uma catástrofe em um centro urbano africano, desde que fez suas primeiras vítimas no oeste do continente, em março.
"A verdade é que estamos à mercê do ebola", diz David Frankfort, do Rotary Club de Monrovia. "Não tínhamos um bom contingente de pessoal treinado nem os materiais necessários para combater a epidemia."
O clube ajudou a controlar o alastramento do vírus na cidade doando 220 termômetros, 10.000 luvas cirúrgicas, 100 baldes, 120 pares de botas, 80 colchões, combustível e informativos para estudantes.
Os 53 associados do clube estão trabalhando diretamente com o Ministério da Saúde e Bem-estar Social no apoio a pacientes e agentes da saúde. "Quando a crise bateu à nossa porta, não cruzamos os braços à espera de auxílio. Tínhamos a obrigação de mostrar que nós, rotarianos, partimos para a ação."
Em parceria com a Associação Liberiana de Enfermeiros, o Rotaract Club de Monrovia realizou uma campanha porta-a-porta para aumentar a conscientização sobre prevenção da doença. David diz ser muito grato pela ajuda recebida de vários clubes, inclusive o de Marlow, na Inglaterra, que doou US$113.000.
Não baixamos a guarda
A recente epidemia de ebola matou mais de 3.600 pessoas só na Libéria. Considerando os outros dois países mais atingidos, Serra Leoa e Guiné, o número de óbitos ultrapassa 8.620, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O vírus causa vômito, diarreia e hemorragia interna e é transmitido por fluidos corporais.
A taxa de novos casos caiu nos últimos meses, motivando o governo a suspender o estado de emergência no país em novembro. William Martin, do Rotary Club de Monrovia e consultor para o Ministério da Saúde, afirmou que é preciso fazer mais para cessar a epidemia.
"A ameaça não acabou. Como estas populações costumam se deslocar, as chances de transportarem o vírus de um país para outro são altas. A simples eliminação de casos na Libéria não é suficiente. Temos que estar sempre preparados para a ocorrência de uma nova epidemia."
O clube, que completa 50 anos em 2015, está planejando três grandes projetos: doação de US$80.000 para uma instituição que cuida dos órfãos do ebola, compra de uma máquina de oxigênio para o John F. Kennedy, o maior centro médico do país, e outorga de bolsas de estudos nas áreas de saúde e assistência social.
O impacto do ebola na Libéria foi ampliado pelos danos que causou no sistema de saúde. Mais de 300 profissionais da área médica desenvolveram a doença, dos quais 178 morreram. Pode não parecer muito, mas num país com 4,4 milhões de pessoas que conta somente com um médico para cada 100.000 habitantes, isso é alarmante (a OMS recomenda um médico para cada 600 pessoas).
O enfoque do Rotary Club de Monrovia será na assistência a longo prazo, suprindo o que o governo não conseguir oferecer. "Nosso trabalho terá um forte componente de conscientização nas comunidades", diz David.
Rotary News