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Jovem no coração

Holger Knaack tem uma nova visão para o Rotary do futuro. Com uma pequena ajuda de seus amigos, tudo correrá bem.

O lago Küchensee, um dos quatro lagos de Ratzeburg, serve de cenário para o almoço com a irmã de Holger, Barbara (à esquerda), e a irmã de Susanne, Sabine (à direita).

Holger Knaack está passando aspirador de pó no salão.

O Rotary Club de Herzogtum Lauenburg-Mölln encerra hoje seu bazar de Natal, montado no claustro da Catedral de Ratzeburg, erguida no século 12. Os dois dias dedicados à venda de artesanatos, arbusto azevinho, bolos caseiros e biscoitos renderam ao clube cerca de 8.000 euros, recursos que este ano serão destinados a uma organização alemã sem fins lucrativos que apoia crianças gravemente doentes. À medida que os associados desmontam os estandes e arrumam mesas e cadeiras, Holger pega o aspirador de pó e se põe a limpar as migalhas e enfeites espalhados pelo chão do salão.

No dia relatado acima, ele estava se preparando para assumir a presidência do Rotary International em 1º de julho de 2020. Há 27 anos em seu clube, Holger Knaack continua o mesmo de sempre. “Ele só quer ser um amigo entre amigos”, diz sua companheira de clube Barbara Hardkop.

Man holt die Leute ins Boot. Esse ditado alemão significa que as pessoas devem subir a bordo para trabalharem juntas por um objetivo comum. Em 2020-21, os rotarianos descobrirão que Holger Knaack não é de cruzar os braços e ficar de lado enquanto os outros trabalham. Para ele, divertir-se durante o processo é igualmente importante, já que ninguém disse que não temos esse direito, mesmo quando trabalhamos com afinco. Este ano, Holger está falando das suas ideias e buscando o apoio das pessoas, principalmente para a sua maior prioridade, que é o investimento nos jovens – além, é claro, de que todos tenham uma experiência agradável e divertida no Rotary.

“Este é um princípio básico para Holger”, afirma seu antigo companheiro de clube Hubertus Eichblatt. “Quando estamos juntos, tudo é pura diversão.”

Holger Knaack, presidente do Rotary International em 2020-21. Assim seus amigos o definem: “Ele tem um ar de juventude e é mesmo um eterno jovem”.

Holger Knaack será um presidente atípico, e não apenas porque veste jeans e evita usar gravata a maior parte do tempo. Ele será o primeiro presidente alemão do Rotary International, e chegou a esse cargo de forma pouco tradicional. Diferentemente de muitos dos seus antecessores, Holger não galgou todos os degraus de um líder sênior da organização. Sim, ele foi presidente de clube e governador de distrito, mas ocupou apenas um cargo internacional, como líder de treinamento, antes de se tornar diretor do Rotary International. Ele se lembra de um Instituto Rotary no qual as pessoas lhe perguntavam que outros cargos distritais havia ocupado antes de se tornar governador. “Para surpresa de todos, eu só repetia a palavra ‘nenhum’.”

Holger é mais conhecido por seu envolvimento com o programa Intercâmbio de Jovens, que deu a ele e à mulher, Susanne, uma experiência profunda, ampla e extraordinariamente significativa. Talvez por não terem filhos, eles abriram as portas de sua casa (e também seu coração) para dezenas de estudantes. “Sempre tem alguém na casa do Holger e da Susanne, especialmente jovens”, diz Helmut Knoth, outro companheiro de clube. “Eles hospedaram centenas de pessoas ao longo dos anos.”

Logo após ingressar no clube, em 1992, Holger trabalhou em uma colônia de férias no norte da Alemanha para participantes do Intercâmbio de Jovens de curta duração. Ele acabou apaixonado pelo programa. “Achei tão bom que tenho até uma expressão em alemão para descrevê-lo: wo dein Herz aufgeht, relacionada a alguma coisa que faz seu coração se abrir. Os jovens intercambistas sempre expressam sua satisfação, dizendo que viveram o melhor momento de sua vida. Às vezes acho que eles se surpreendem consigo mesmos, com o tanto que são capazes de fazer e com as possibilidades que se abrem por meio do Rotary.”

As oportunidades também se abriram para Holger. Ele acabou se tornando presidente da Comissão de Intercâmbio de Jovens do clube e, após servir como governador do distrito 1940 em 2006-07, foi convidado para presidir o Intercâmbio de Jovens Multidistrital na Alemanha, cargo que ocupou até a véspera de iniciar seu mandato no Conselho Diretor do Rotary International, em 2013. Ao longo dessa jornada, ele diz que contou com o apoio de outras pessoas. “Criamos uma visão juntos e seguimos em frente. Cada pessoa escolhe um caminho diferente, mas o objetivo da visão permanece o mesmo.”

Os jovens parecem compreender, de maneira intuitiva, como Holger opera. “Quando ele pensa em algo, dedica-se a materializar seu pensamento”, diz a australiana Brittany Arthur, associada ao Rotaract Club de Berlim e ao Rotary Club de Berlim International. “No decorrer dos anos, Holger e Susanne hospedaram muitos intercambistas. E não fizeram isso simplesmente para que, em 2020, pudessem vender uma imagem de comprometimento com a juventude. Isso faz parte deles.”

Brittany acredita que Holger está na vanguarda ao preferir “investir em potencial, não em experiência”. Em 2012, quando era bolsista na Alemanha, ela conversou brevemente com ele numa reunião de clube – experiência que considera seu momento no Rotary, ocorrida durante o fórum sobre a paz realizado em Berlim pelo presidente internacional 2012-13, Sakuji Tanaka. Após apresentar-se no evento, Brittany pensou que já havia cumprido sua missão. No entanto, Holger (que tinha organizado o fórum e agora estava preparando um Instituto Rotary) guardava outros planos para ela. “Eu tinha acabado de falar para centenas de rotarianos e convidados, estava me sentindo muito bem, e no minuto seguinte Holger veio e perguntou se eu queria ajudar no Instituto. Não pensei duas vezes e aceitei.”

Como outros rotarianos, Brittany conhece o traço persuasivo da personalidade de Holger. “Ele é muito engraçado e simpático, mas bastante sério dependendo do assunto. Por isso é um líder tão interessante: pode assumir diferentes papéis quando você precisa dele.”

“Ele é muito engraçado e simpático, mas bastante sério dependendo do assunto. Por isso é um líder tão interessante.”

Holger e Susanne adoram viajar, mas passaram a vida inteira perto de onde nasceram – ela, em Ratzeburg; e ele, na vizinha Groß Grönau, a cerca de 60 quilômetros de Hamburgo. Os dois vieram ao mundo no mesmo ano e foram criados de forma semelhante, com suas famílias administrando o próprio negócio. O pai e o avô de Susanne eram fabricantes de salsicha e linguiça, e a panificadora da família de Holger foi fundada em 1868 por seu tetravô. “Fomos muito amados por nossas famílias”, Holger recorda. “Todos cuidavam da gente e sabiam o que estava acontecendo conosco.”

Hubertus Eichblatt também cresceu em Ratzeburg, onde sua irmã e Susanne, cujo sobrenome de solteira era Horst, eram amigas de infância. “A casa da família Horst estava sempre de portas abertas, e isso se repete na casa de Holger e Susanne”, diz Hubertus. “Os amigos estão sempre chegando e saindo.”

O casal Knaack mora na casa que pertenceu à avó de Susanne. Ao lado deles, vive a irmã de Susanne, Sabine Riebensahm, ocupando a casa onde as duas cresceram. Dez anos atrás, após a morte do marido, a irmã de Holger, Barbara Staats, mudou-se para o apartamento do último andar da casa onde Sabine vive. Somadas, as duas residências têm nove quartos, que às vezes podem não ser suficientes para receber os 12 netos de Barbara, dezenas de intercambistas antigos e atuais, além de diversos outros amigos. No mínimo, um dos quartos de hóspede está sempre ocupado.

Todas as manhãs, a família se reúne para tomar café num canto acolhedor da sala de estar de Holger e Susanne, onde janelas que vão do chão ao teto oferecem uma vista panorâmica do Küchensee, um dos quatro lagos que circulam Ratzeburg. O almoço também costuma ser feito em família, seguido de café. Holger Knaack tem um ritual diário: deitar-se no sofá para uma soneca enquanto Susanne, Barbara e Sabine continuam conversando. “Ele presta atenção na conversa até cair no sono”, revela Sabine, brincando.

Os quatro dividem as tarefas. “Quando alguém precisa de alguma coisa, é só gritar”, Holger revela. “Eu acho que essa é a melhor forma de se viver: em companhia. O segredo para tudo é se perguntar: qual é o seu objetivo? O nosso é exatamente esse, a maneira como vivemos agora.”

Em um sábado de dezembro, Holger, Susanne, Barbara e Sabine estão cozinhando o bife bourguignon que servirão a 23 amigos próximos no jantar do dia seguinte. Eles estão planejando o cardápio de Natal, quando receberão 15 pessoas – ou 16, se uma jovem egípcia que está estudando na Alemanha, filha de rotarianos que eles conheceram no Instituto Rotary de Sharm el-Sheikh, aceitar o convite.

Helmut Knoth acredita que a hospitalidade dos Knaack vem em boa hora para o Rotary. “Pelo menos uma vez por ano, realizamos uma festa no belo jardim deles”, conta. “No inverno, preparamos algo para o aniversário do Holger, que já virou tradição. Nós nos encontramos no clube de remo e caminhamos ao redor do lago.” Em vez de presentes de aniversário, ele pede doações para a Fundação Karl Adam, que fundou para apoiar o clube de remo. A cidade de Ratzeburg é famosa por ele, cujos membros formaram o núcleo das equipes alemãs que conquistaram o ouro nos Jogos Olímpicos de 1960, 1968, 2000, 2004 e 2012. Um dos fundadores do clube e seu treinador de longa data, o professor de ensino médio Karl Adam é considerado um dos melhores treinadores de remo de todos os tempos. Ele desenvolveu o que é conhecido como “o estilo Ratzeburg”.

Durante a festiva de Natal do Rotary Club de Herzogtum Lauenburg-Mölln, em dezembro, Holger conversa com Barbara Hardkop e seu marido, Gerrit (Jan Schmedes está ao fundo).

Olhando nos álbuns de fotografia de família, os Knaack falam sobre as viagens que fizeram na infância: Holger e sua família foram para a ilha de Sylt, no Mar do Norte, enquanto Susanne e os pais viajaram para a costa do Mar Báltico. A poucos quilômetros dali, a família de Holger tinha uma pequena casa de verão com um grande jardim, onde eram passados os fins de semana. “Eu não me cansava de explorar a pradaria. Tive uma infância perfeita”, ele celebra.

Sua casa de infância ficava a cerca de 500 metros de um pequeno rio, o Wakenitz, que formava a fronteira com a Alemanha Oriental. “Para mim, aquilo era o fim do mundo, um local proibido.” No verão, ele e os amigos testavam a coragem nadando no rio. Do outro lado, havia um pântano, um campo minado e torres de vigia comandadas por guardas da Alemanha Oriental. Holger conta que, após a queda do Muro de Berlim, em 1989, “a primeira coisa que fizemos foi explorar de bicicleta aquele lado antes proibido”. “Todas as torres de vigia estavam abertas. Eu nunca tinha visto a nossa cidade daquele ponto alto.”

Quando jovem, Holger fazia as entregas para a panificadora da família nos feriados e fins de semana. Depois de terminar o ensino médio, ele ganhou experiência no ramo trabalhando por dois anos em uma padaria. “Eu ainda gosto de assar pães. É preciso amar o que você faz para ser bom naquilo. Nenhuma técnica de marketing importa mais do que a qualidade do produto. E para haver qualidade é preciso que se tenha amor pelo trabalho. Esse é o segredo de muitas coisas.”

Depois de dois anos na padaria e um ano estagiando numa grande fábrica de pão em Stuttgart, ele foi para Kiel estudar administração de empresas. Na primeira reunião do grêmio estudantil, Holger conheceu sua futura esposa. “Vi Susanne pela primeira vez no dia 20 de setembro de 1972. Não esqueço essa data.”

Holger e Susanne adoram cozinhar para eles e seus amigos. Na foto maior, eles preparam uma refeição na cozinha da irmã de Holger.

Holger não causou a mesma impressão nela, talvez porque houvesse 94 homens e apenas três mulheres na turma. Mas eles logo se conheceram e, nos fins de semana, dirigiam juntos para casa com o objetivo de ajudar nos negócios de suas respectivas famílias. Antes de retornarem a Kiel, nas noites de domingo eles carregavam o carro com pão da padaria dos Knaack e salsichas e linguiças dos Horst. “Nossos amigos não perdiam a chance de nos visitar às segundas-feiras para pegar um pouco do que levávamos”, recorda Susanne, rindo.

Os dois se formaram em 1975 e casaram-se no ano seguinte. Holger e Susanne continuaram trabalhando nos negócios de suas famílias. Na época, a panificadora Knaack tinha várias filiais e cerca de 50 empregados. Depois de substituir seu pai no final da década de 1970, Holger decidiu expandir a empresa e quis saber exatamente de onde vinham os grãos usados para fazer seus pães. Ele contou com o apoio do amigo Hubertus Eichblatt, que trabalha no setor agrícola e criou uma cooperativa ao lado de outros agricultores. Holger também trabalhou com Günther Fielmann, o maior oculista da Europa, que investiu no cultivo de grãos orgânicos em sua própria fazenda, a Hof Lütjensee. Juntos, Holger e Günther construíram o seu próprio moinho e passaram a comercializar produtos orgânicos – uma grande novidade 30 anos atrás. “O Holger sempre foi muito inovador”, lembra Hubertus. “Ele sempre foi de pensar no futuro.”

Outra das inovações de Holger foi passar o cozimento do pão para as filiais, que antes recebiam os produtos assados na fábrica. A ideia dele era continuar a fazer a massa na fábrica, mas depois congelá-la em porções que seriam transportadas e assadas nas filiais, garantindo assim um frescor de pão que acaba de sair do forno. Hoje em dia, quase todas as padarias na Alemanha operam dessa forma.

Holger Knaack continuou expandindo seu negócio até chegar a 50 filiais e uma fábrica com centenas de empregados. Ele recebeu uma oferta para vender o empreendimento a uma multinacional que estava investindo em panificação. Foi uma proposta muito boa, e por isso ele resolveu aceitá-la. Então ainda jovem, na casa dos 40 anos, Holger passou a se dedicar a outros negócios e começou a jogar golfe. Anos antes, ele tinha sido membro ativo da Round Table, organização voltada a pessoas com menos de 40 anos. Ao completar 39, ingressou no Rotary Club na cidade vizinha de Mölln, ao qual permaneceu associado mesmo depois da abertura de um clube em Ratzeburg, onde muitos dos associados são seus amigos. Não demorou para que Holger encontrasse sua vocação no Intercâmbio de Jovens do Rotary

Cercada por lagos glaciares, a cidade de Ratzeburg abriga uma catedral do século 12.

A medieval Ratzeburg, com sua antiga catedral e casario, está situada numa ilha rodeada por quatro lagos glaciares. O Estado de Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha, é pontilhado por lagos. As estradas sinuosas cortam os campos verdes, passando por fazendas e vilarejos construídos no estilo da região, caracterizado pelo uso de tijolos. Mas os estudantes que moraram com Holger e Susanne encontraram algo bem mais profundo que uma experiência de cartão postal da Alemanha.

Juraj Dvořák foi um dos primeiros intercambistas hospedados pelos Knaack, em 1996. Depois de voltar para casa, na Eslováquia, o jovem de 16 anos enviou um cartão a Holger e Susanne, que o convidaram para outra visita. Mas com a morte do pai de Juraj, vítima de um ataque cardíaco, ele disse que não poderia ir. Holger e Susanne, com a mãe do rapaz, insistiram para que a viagem acontecesse como planejada.

“Fiquei um mês em Ratzeburg e eles fizeram de tudo para me ajudar”, Juraj recorda. “Desde então, temos sido amigos muito próximos. Se eu não tivesse conhecido Holger e Susanne, e se eles não me tivessem orientado em muitos aspectos da vida, não teria conquistado tantas coisas.” Hoje Juraj Dvořák dirige uma empresa de capitais em Viena, mas ele não se refere a sucesso material quando fala de suas vitórias. “Minha maior conquista foi ter desenvolvido uma personalidade saudável, processo no qual Holger e Susanne contribuíram bastante.”

O Holger e eu sempre tivemos altos papos”, Juraj revela. Todos os anos, ele viaja à Alemanha para visitar seus amigos queridos. “O Holger me disse que dinheiro não é a coisa mais importante, que eu tinha que me dedicar ao trabalho, mas também aproveitar a vida, viajar e conhecer o mundo. Ele me levou a muitas reuniões com seus amigos do Rotary. Eu não entendia o motivo na época, mas quando fiquei mais velho, percebi que era uma chance absolutamente única de aprender com as pessoas. Ele me fez crescer. Holger e Susanne têm um coração que não cabe no peito e uma grande responsabilidade pelas pessoas que ajudam como mentores. Eles se destacam da maioria.”

Os Knaack levam mesmo a sério esse compromisso. “O principal objetivo do Intercâmbio de Jovens é fazer com que o participante mergulhe em outra cultura, aprenda tudo o que pode sobre aquilo”, afirma Holger. “E o mais incrível do programa é que os pais enviam seus filhos a outros países na confiança de que os rotarianos os tratarão como seus próprios filhos. Esse detalhe nos torna únicos. Nenhuma outra organização faz isso dessa maneira.”

Paula Miranda passou três meses com Holger e Susanne, que foram seus primeiros anfitriões durante o ano de intercâmbio na Alemanha, em 2008. Vinda da Argentina, ela chegou a Ratzeburg no mês de janeiro, em pleno inverno. “Eram mais ou menos 16h e já estava escuro”, recorda. “Fui recebida com uma deliciosa refeição tipicamente alemã.”

“O Holger me disse que dinheiro não é a coisa mais importante, que eu tinha que me dedicar ao trabalho, mas também aproveitar a vida.”

Quando Paula completou 19 anos, um mês depois, Holger e Susanne organizaram uma festa de aniversário para ela com alguns de seus novos colegas de escola. “Eles fizeram um churrasco à moda argentina”, ela lembra, com carinho. “Eles queriam que eu me sentisse em casa, e eu não tinha palavras para expressar meu contentamento. Sem eles, meu ano como intercambista não teria sido tão bom. Adoro os dois.”

Ex-governador do distrito 1870, Alois Serwaty encontrou-se pela primeira vez com os Knaack há 25 anos, durante uma conferência multidistrital do Intercâmbio de Jovens. “Tanto Holger quanto Susanne têm uma forma aberta e descomplicada de ser que cativa os jovens”, afirma. “Quando os conhece, você percebe imediatamente que eles gostam dos jovens. O pensamento do Holger é que o Rotary deve permanecer jovem e que trabalhar para e com os jovens é uma fonte de eterna juventude.”

Juraj concorda. “Eu estive com o Holger em dezembro, e ele não mudou nada nestes 24 anos. Ainda é o mesmo, exceto por algumas rugas que antes não havia em seu rosto. O programa Intercâmbio de Jovens o enche de energia.”

Uma frase que se ouve com frequência entre os rotaractianos alemães é auf Augenhöhe begegnen, que destaca a importância de se conhecer alguém ao nível dos olhos. “Isso significa que todos são iguais, que todos estão em igualdade de condições”, diz Susanne. “Não faz diferença se alguém é diretor ou motorista. Assim você discute alguma coisa e chega a uma solução sem que a outra pessoa sinta como se tivesse recebido uma ordem.”

De acordo com seus amigos e familiares, Holger tem um talento peculiar. “Se ele não consegue fazer alguma coisa, sabe a quem delegar”, Susanne brinca. “Ele tem um faro para saber quem é bom para fazer o que precisa ser feito.”

“Um exemplo disso”, ela diz, “é o sucesso que ele teve trabalhando com rotaractianos no Instituto Rotary de Berlim. Os rotaractianos disseram ‘Vamos fazer workshops!’, e em vez de responder ‘Vocês não podem fazer isso’, Holger disse: ‘Vão em frente!’. Ele confia nas pessoas e acha que elas podem ter sucesso. Mas permanece nos bastidores, de olho nas coisas.” O mesmo aconteceu com a Convenção do Rotary em Hamburgo, em 2019, ocasião em que Holger e Andreas von Möller foram copresidentes da Comissão Anfitriã. “Mais uma vez, ele envolveu muitos rotaractianos na organização.”

“Precisamos cuidar dos nossos Rotary Clubs e dos amigos que temos lá.”

De acordo com Susanne, um dos principais objetivos do marido é continuar aproximando Rotary e Rotaract. “Ele está entusiasmado com essas possibilidades”, revela Sabine, irmã de Susanne. “E quando está assim, Holger é capaz de contagiar todo mundo ao seu redor.”

Em meio a cappuccinos no café ensolarado do Hotel Ratzeburg Seehof, com vista para o cintilante lago Küchensee, Hubertus Eichblatt, Helmut Knoth, Jens-Uwe Janssen e Andreas-Peter Ehlers – amigos de Holger e também associados ao Rotary Club de Herzogtum Lauenburg-Mölln – concordam que ele possui um talento sem igual para guiar voluntários. Andreas recorda quando atuou como secretário distrital durante o mandato de Holger à frente do distrito. “Os governadores que vieram antes dele sempre mandavam os outros fazerem as coisas. Holger teve uma abordagem bem diferente. Ele chegava e dizia: ‘Hubertus, tenho pensado numa coisa e você é perfeito para a missão’. Ele fala de uma maneira tão encorajadora e gentil que não dá como dizer não. E ele não desaparece depois disso, volta de tempos em tempos perguntando como as coisas estão e se a gente precisa de ajuda. Holger é singular.”

Hubertus frisa que o amigo tem sucesso porque seu entusiasmo é contagiante e porque ele sempre dá o exemplo. “Holger exemplifica as características positivas, por isso é fácil para ele convencer as pessoas a realizarem as coisas.”

Enquanto conversam sobre as boas qualidades do amigo, eles lembram o que muitas pessoas dizem: que Holger Knaack nunca está de mau humor. Mas como bons amigos, ressaltam que Holger não é perfeito. “Ele gosta de ficar na moda, olha só os óculos dele!”, diz Hubertus.

Ao ouvirem isso, os outros três caem na gargalhada. “Ele é o único que usa óculos assim”, diz Andreas. “E se eles quebrarem, não há problema: ele tem outros de reserva!!”

“Os óculos são a marca registrada de Holger”, acrescenta Helmut. “Desde que o conheço ele usa esses óculos e calças jeans, e raramente está de gravata. Ele tem um ar de juventude e é mesmo um eterno jovem”, dizem os amigos enquanto terminam seus cappuccinos.

Muito ativos e apaixonados pela vida ao ar livre, Holger e Susanne param para descansar em frente ao museu de história regional de Ratzeburg.

A filosofia de Holger de que não importa o quanto você trabalhe, é preciso também que você se divirta, aplica-se especialmente ao Rotary. “Viajar e conversar com as pessoas são coisas que o divertem”, revela Susanne, ela também rotariana e associada fundadora do Rotary E-Club de Hamburg Connect. “Ele e eu nos divertimos muito no Rotary.”

Holger quer que todos desfrutem do Rotary – e tenham orgulho de fazer parte dele. “Nós amamos essa organização e cada um de nós deve fazer sua parte para fortalecer o Rotary”, ele ressalta. “Não é difícil ir um pouco mais longe, se envolver mais no clube, mostrar mais interesse pelos amigos, trabalhar mais nos projetos e programas. Pergunte a si mesmo se seu clube tem uma boa programação para os jovens e se dá para mudar alguma coisa para que ele tenha mais sucesso na arrecadação de fundos. Todo clube tem a responsabilidade de fazer com que as pessoas se sintam bem e tenham orgulho de estar lá. Precisamos nos sentir especiais como rotarianos.”

Ele sabe que o presidente do Rotary International é convidado para muitos eventos, inclusive as Conferências Distritais, e que por isso precisa enviar um representante para a maioria deles. Mas Holger planeja estar presente, mesmo que virtualmente, na conferência do distrito 1940, cujo governador este ano, Edgar Friedrich, é do Rotary Club de Herzogtum Lauenburg-Mölln. “Acho que você pode abrir uma exceção para seu próprio distrito, não é mesmo? Especialmente se o governador fizer parte do seu clube. Seja qual for o cargo que você tenha desempenhado no Rotary, e por mais importante que tenha sido, no final você será sempre um associado ao seu próprio Rotary Club, e ficará feliz por estar entre amigos.

“É por isso que precisamos cuidar dos nossos Rotary Clubs e dos amigos que temos lá”, ele diz. “O cargo que você tenha ocupado não é importante: o que realmente importa é estar entre amigos.”

• Artigo publicado originalmente na edição de julho de 2020 da revista The Rotarian.