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Entendendo os casos recentes de pólio

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Foram registradas ocorrências de pólio este mês ocasionadas pela vacina na República Democrática do Congo e na Síria, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Pelo menos 22 casos foram identificados na Síria e quatro no Congo. Agentes da saúde de ambos os países estão trabalhando com a Iniciativa Global de Erradicação da Pólio na realização de campanhas adicionais de vacinação e trabalhos de campo, localmente e nos países vizinhos, visando estancar o alastramento do vírus.

Estes novos casos não diminuem a força da campanha global para dar fim à poliomielite, haja vista que nunca antes foram registrados tão poucos casos de pólio como em 2017. O anúncio feito na nossa Convenção Internacional em Atlanta, em junho, em que doadores se comprometeram a destinar mais $1,2 bilhão à luta contra a doença, aumentou ainda mais o ímpeto dos combatentes da doença a acabá-la de uma vez por todas. 

Casos de pólio derivados da vacina são raros e diferem dos causados pelo vírus. Vamos entender um pouco mais sobre eles:

P: Quais são os dois tipos de casos da pólio?

R: Existem os causados naturalmente pela circulação do vírus no meio ambiente. Já os derivados pela vacina são extremamente raros e só acontecem em circunstâncias específicas. 

A vacina oral antipólio contém o vírus vivo, porém, enfraquecido. Ele faz o organismo humano produzir uma defesa imunológica e seu risco de contaminação é próximo do zero. A vacina dá-se por via oral, e o vírus enfraquecido se multiplica no intestino da criança e sai com as fezes. Em lugares com saneamento precário, este vírus pode contaminar outras pessoas, o que não é de todo mal já que, com isso, elas adquirem imunidade. Assim que aquela determinada cepa não encontra mais hospedeiros ela desaparece do meio ambiente.

O problema é quando isso ocorre em regiões mais desassistidas em termos de vacinação, onde o vírus pode continuar circulando livremente enquanto atingir crianças suscetíveis ou que não foram imunizadas. Nesse período de existência o vírus passa por mutações, e se o seu tempo de sobrevida for de pelo menos 12 meses, de enfraquecido a mutação o torna forte o bastante para causar paralisia.

P: A vacina é segura?

R: Sim, desde 1988 a vacina oral reduziu os casos de pólio em 99.9%. O risco imposto pelo vírus selvagem é muito maior do que o de um surto originado por vírus oriundo da vacina. Erradicada a paralisia infantil, o uso da vacina oral deixará de fazer sentido. 

P: Casos derivados da vacina são comuns?

Trabalhadores da saúde monitoram crianças e testam amostras de esgoto em busca do vírus.

Foto de Miriam Doan

R: Casos de pólio causados por vírus derivado da vacina são extremamente raros. O vírus selvagem continua sendo a maior ameaça. Entretanto, dado o baixo risco de surtos ocasionados pela vacina, o uso da vacina oral cessará logo após a erradicação da paralisia infantil. 

P: Os casos de transmissão pelo vírus selvagens são comuns?

R: O vírus selvagem circula em somente três países: Afeganistão, Nigéria e Paquistão. Só seis casos de pólio causados pelo vírus selvagem foram registrados até agora em 2017. Este é o menor número que chegamos até hoje, contabilizado no menor número de áreas e de países de toda a história da luta contra a paralisia infantil.

P: Como são detectados os casos de pólio? 

R: A atividade de vigilância consiste de duas partes. Os médicos e agentes da saúde monitoram as crianças para ver se carregam o vírus, e as autoridades testam amostras colhidas em esgotos e outros lugares, em regiões sem instalações sanitárias adequadas.

A detecção dos últimos casos de pólio demonstra que o sistema de vigilância funciona bem em ambos os países.

P: Qual a ciência por trás das vacinas?

R: Há dois tipos de vacina: oral e injetável, com o vírus inativado. A vacina oral original protegia contra os tipos de vírus 1, 2 e 3.

Como o vírus selvagem tipo 2 foi erradicado em 1999, a vacina atual ataca os vírus tipos 1 e 3. Por estar morto, o vírus inativado usado na vacina injetável não tem a possibilidade de causar pólio.